Uso do Flúor

Os poderes benéficos do flúor foram descobertos através da observação de um de seus efeitos colaterais: a fluorose, devido ao alto teor de flúor na água. Dessa forma passou-se a pesquisar a dose ideal de flúor, capaz de aumentar a resistência do esmalte de um dente sem alterar a sua aparência.
Temos que a dose ideal varia com a temperatura média anual e com a umidade relativa do ar, desta forma, no Brasil é considerada ideal, a dose de 0,7mg de flúor para 1litro de água. O flúor é importante na formação dos dentes, pois favorece a formação de cálcio e potássio, mas para a prevenção da cárie é preciso ter o flúor presente de forma constante no meio bucal.
O flúor favorece a deposição de cálcio e potássio quando está presente em baixa concentração. Os métodos de aplicação tópica oferecem altas concentrações de flúor, levando à formação de fluoreto de cálcio, que é uma forma de flúor solúvel, porém em contato com a saliva o fluoreto de cálcio fica protegido por uma película protetora.
 
O fluoreto de cálcio vai funcionar como um reservatório de flúor, que vai ser mais utilizado ou não de acordo com a dieta alimentar. Portanto indivíduos com alto risco/atividade de cárie precisam de aplicações de flúor mais freqüentes.
 
O flúor dinamicamente importante é o que está presente constantemente na cavidade oral. Atualmente não se tem mais usado a suplementação de flúor pois pode-se perfeitamente controlar a incidência de cárie através do flúor tópico e motivação que é a higiene e a dieta, mesmo nos locais onde não há água fluoretada, pois há flúor nos dentifrícios e nos alimentos.
 
A fluoretação da água de consumo público é o mais seguro, efetivo, simples e econômico método de prevenção da cárie dental e sua adoção em todas as áreas onde essa doença constitui-se em problema de saúde pública tem sido uma recomendação insistentemente reiterada pelas organizações internacionais e nacionais do setor de saúde. No Brasil, a fluoretação da água iniciou-se em 1953 na cidade de Baixo Guandu, Espírito Santo, cujo sistema de abastecimento era operado pela fundação SESP do Ministério da Saúde. Um grande número de estudos desenvolvidos em países distintos comprova que a dosagem ideal de flúor na água de consumo está entre 0,7 e 1,2 mg/litro ou partes por milhão de flúor.
 
A formação de fluoreto de cálcio depende da concentração de flúor e do produto. O flúor pode ser aplicado também na forma de verniz, com a mesma eficácia do gel. Exemplos:
 
  • Duraphat: Trata-se de um material importado (Europa), o material libera flúor em baixas concentrações, forma menos fluoreto de cálcio que o gel e produz menor nível plasmático, ou seja, é menos tóxico, possui coloração amarelada e sua maior liberação ocorre nas primeiras 12 horas.
  • Fluorprotector: Trata-se de um material incolor, que incorpora mais flúor, porém com eficiência semelhante.

O verniz pode inibir o progresso de lesões iniciais de cárie em áreas de difícil acesso e cáries superficiais. O flúor é depositado de forma estável, após 2 anos não se observou a perda do flúor adquirido. Indica-se uma aplicação semestral para pacientes de baixo risco de cárie e trimestral para pacientes de alto risco de cárie.
 
Outras formas de flúor:
 
  • Dentifrício: Deve-se ter cuidado com crianças abaixo de 6 anos pois a ingestão pode levar à fluorose. Estudos detectaram que crianças até 4 anos ingerem 35% do dentifrício na escovação. Assim é fundamental que as mães sejam orientadas a colocar pequena quantidade de pasta de dente na escova.
  • Bochechos Fluoretados: O mais usado é o Fluoreto de Sódio à 0,05% para uso diário ou à 0,2% para uso semanal ou quinzenal. Só devendo ser usado após os 7 anos quando a criança já possui um domínio maior da deglutição, ou seja, consegue bochechar sem engolir.
  • Cariostático: Diamino Fluoreto de Prata- leva à paralisação do avanço da cárie e prevenção de novas cáries. Só usado em casos extremos onde não se consegue tratar a criança com os dentes cariados, possuindo uma estética desagradável, escurecendo a região onde é aplicado.

A utilização de qualquer método, porém deve ser cercada de cuidados, pois pode ser um produto tóxico dependendo da dose:
 
  • Toxicidade Crônica: Fluorose, que vai de leves manchas esbranquiçadas no esmalte do dente até manchamentos graves em tom castanho levando à fraturas na estrutura dental.
  • Toxicidade Aguda: Pode-se ter um leve mal estar, ânsia, vômitos etc. até a morte dependendo da dose. A dose fatal para adultos é de 2,5 a 5,0 gramas de uma só vez e em uma criança com peso de 10kg a dose de 535mgs. é suficiente para causar o óbito.

Enfim, temos várias formas de prevenção dentária com flúor em nosso meio:
 
  • Flúor na saliva através dos alimentos;
  • Flúor depositado no abastecimento de água nas cidades;
  • Aplicação do flúor gel;
  • Aplicação do verniz protetor;
  • Teor de flúor nas pastas de dente;
  • Bochechos fluoretados.

Vantagens do flúor:
 
  • Fortalecimento do esmalte do dente, inibindo a desmineralização que é o enfraquecimento do dente que começa superficialmente podendo se aprofundar;
  • Diminuição do número e do potencial de microorganismos bucais como o causador da cárie ( streptococcus mutans);
  • Favorecimento da remineralização que é um dente enfraquecido retomando sua resistência. Nunca esquecendo da importância da visita ao dentista à cada 6 meses, pois ele quem irá orientar à respeito desta prevenção, ainda temos a aplicação de selantes como prevenção. O paciente precisa saber se ele tem alto risco de cárie ou baixo risco de cárie, qual seria a melhor forma da utilização do flúor, uso do selante ou ainda sê preciso a restauração do dente. Essencial que seja feita uma higiene adequada e uma dieta saudável.

  Dra. Aline Nahás Matiello - Cirurgiã Dentista - Bauru/SP  


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