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Dieta Na Prevenção Do Câncer Da Próstata  

Dr. Nelson Roodrigues Netto Jr

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O maior índice de mortalidade por câncer da próstata é observada em negros americanos, duas vezes mais frequente que em brancos(1) .Por outro lado, em Shanghai, China, essa taxa é 120 vezes menor que no negro americano. Muito curioso é observar que japoneses e chineses ao migrarem para os Estados Unidos passam a ter muito mais câncer da próstata que os patrícios vivendo no Japão e na China. Ainda mais interessante é que, com a introdução dos hábitos ocidentais nos países orientais, está ocorrendo aumento das doenças prostáticas nessa região. A observação que os orientais têm uma incidência muito menor de tumor prostático que os ocidentais, levou os pesquisadores a procurar um possível fator dietético para esse fato.
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Estudos populacionais verificaram existir fatores dietéticos causadores protetores de doenças prostáticas. A dieta ocidental é rica em gordura e relativamente pobre em fibrasA dieta oriental ao contrário é relativamente pobre em gordura e muito rica em fibras, essencialmente vegetais e frutas. Existe tendência em admitir a gordura como um fator causativo de câncer da próstata, embora ainda não se tenha confirmação absoluta (2) .
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Talvez o mais importante seja conhecer os fatores protetores existentes na alimentação dos orientais e introduzí-los na dieta dos ocidentais. A falta desses componentes e não o excesso de gordura seria o mais importante. A sugestão inicial que as fibras"protegiriam contra o câncer do cólon foi baseada na observação de que na África Oriental, onde o consumo de fibras é muito alto, a doença é muito rara.
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A maior fonte de fibras são os vegetais, cuja ação deve-se a dois elementos denominados isoflavonóides e ligninas. A soja, pertencente à família das Leguminosas, é a maior fonte de isoflavonóides, e é o elemento básico da alimentação japonesa. As dietas tradicionais da Asia, Africa e Mediterrâneo contêm um alto índice de legumes, particularmente feijão, soja, lentilha e ervilha; cereais e aspargos que constituem as maiores fontes de ligninas. Estudos japoneses demonstraram que os indivíduos que comem diariamente ou ocasionalmente esses produtos têm muito menos câncer da próstata que os que nunca se alimentam com esses produtos.
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ISOFLAVONÓIDES E FLAVONÓIDES- Os alimentos ricos nesses elementos, uma vez no intestino, irão sofrer a ação das enzimas bacterianas e serão metabolizados em genistein e daidzein que prosseguem no ciclo metabólico, porém são os responsáveis pela ação protetora contra o câncer da próstata.
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LIGNINAS - constituem um grupo de compostos difenólicos de origem vegetal. As duas principais ligninas encontrados em fluidos biológicos são a enterolactone e .enterodiol, que têm ação estrogênica fraca.
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VITAMINA A, RETINÓIDES E ÁCIDO RETINÓIDE- De modo geral é aceito que a vitamina A é essencial para o crescimento e diferenciação celular, principalmente controlando e promovendo a proliferação celular. Análogos sintéticos, os retinóides, manifestam as mesmas características e possuem potencial de agentes quimioterápicos, embora a vitamina A natural provavelmente possue ação limitada em tumores já desenvolvidos.A maior fonte de vitamina A em humanos é o beta-caroteno, originário de frutas e vegetais. No entanto, existem opiniões conflitantes quanto à proteção da vitamina A no câncer da próstata. Admite-se que o consumo exagerado de vitamina A aumentaria o risco de câncer da próstata (1) .ao passo que outros pesquisadores descreveram um aumento significante no risco de câncer quando associado à menor concentração de vitamina A (3) . Atualmente, à custa da biologia molecular está sendo melhor entendida a influência do ácido retinóico e retinóides no mecanismo fisiológico celular.
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VITAMINA D- O consumo de vitamina D está relacionado ao risco de câncer da próstata (4) .Os níveis de (1,25-diOH-VitD3 ), nos pacientes com câncer da próstata, são significantemente mais baixos que nos controles. O risco de câncer diminui com a elevação dos níveis.
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Nelson Roodrigues Netto Jr
Professor Titular Disciplina de Urologia, Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp
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Referências bibliográficas
1. Boyle P, Maisonneuve P. 1995 Diet. In: Hormonal carcinogenesis. Waxman J (Ed) Cambridge University Press. Cambridge (In press).
2. Griffiths K, Adlercreutz H, Boyle P, Denis L, Nicholson RI, Morton MS. Nutrition and Cancer. Oxford, Isis Medical Media,1996.
3. Hayes RB, Bogdanovicz JFTA, Schröeder FH, De Bruijm A, Raatgever JW, van der Maas PJ, Oishi K,Yoshida O. Serum retinol and prostatic cancer.Cancer 62: 2021- 26, 1988.
4. Schwartz GG, Hulka BS. Is vitamin D deficiency a risk factor for prostate cancer ? Anticancer Res 10: 1307-11, 1990.
5. Halliwell B, Gutteridge JMC. Free radicals in biology and medicine. 2nd Ed. Oxford, Clarendon Press, 1989.
6. Halliwell B, Cross CE, Gutteridge JMC. Free radicals, antioxidants and human disease: where are we now ? J Lab Clin Med 119: 598-620, 1992.
 
 

 
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