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Ceretacone

O ceratocone é uma desordem ocular não inflamatória que afeta a forma da córnea, provocando a percepção de imagens distorcidas. Acomete 5 em cada 10.000 pessoas e começa entre 15 e 40 anos de idade.

A córnea (figura 1) é uma estrutura transparente que reveste a parte anterior do olho. Ela é composta por cinco camadas: o epitélio, a membrana de Bowman, o estroma, a membrana de Descemet e o endotélio.

O estroma é a parte mais espessa da córnea, sendo responsável pela manutenção de sua forma semi-esférica.

O principal defeito que causa o ceratocone é justamente um adelgaçamento da córnea na sua porção mais central (o eixo visual), que causa um defeito em sua forma (o cone), causando distorções (astigmatismo) na imagem percebida pela parte sensitiva do olho, a retina.

A evolução do ceratocone é quase sempre progressiva com aumento do astigmatismo, mas pode estacionar em determinados casos.

O ceratocone é muito mais freqüente em determinadas pessoas, como as portadoras de síndromes genéticas como a síndrome de Down, de Turner, de Ehlers-Danlos, de Marfan, pessoas com alérgicas e portadoras de doenças como a osteogenesis imperfecta e prolapso da válvula mitral.

Na sua fase inicial o ceratocone apresenta-se como um astigmatismo irregular levando o paciente a trocar o grau de astigmatismo com muita freqüência. O diagnóstico definitivo de ceratocone é feito com base nas características clínicas e com exames objetivos como a topografia corneana (exame que mostra em imagem o formato preciso da córnea).

O tratamento do ceratocone é feito no sentido de proporcionar ao paciente uma boa visão.

Para isso utiliza-se óculos em um primeiro momento, a fim de corrigir o astigmatismo. no entanto, nos últimos anos a indústria vem desenvolvendo novos materiais que permitiram a confecção de lentes de contato mais confortáveis e com maior poder de correção do astigmatismo.

Apesar desses avanços alguns pacientes não evoluem bem ou não se adaptam às lentes de contato e requerem procedimentos cirúrgicos para deter o avanço do ceratocone. Nestes casos realiza-se a ceratoplastia (modificação do formato da córnea) e em casos mais avançados até o transplante de cónea (figura 2).

A medicina evolui constantemente e chega mais perto da solução definitiva para muitas doenças. Dessa forma a oftalmologia caminha na direção da solução menos traumática para o ceratocone. Desenvolvendo novas lentes e, em breve, utilizando técnicas de terapia genética, hoje consideradas ficção, para impedir o aparecimento e o avanço desta patologia. De qualquer forma, nos dias de hoje já é bastante grande o arsenal disponível no combate ao ceratocone, possibilitando um conforto e uma qualidade de vida antes impensável à estes pacientes. Novidades virão, aguardemos.

 

Dr. Mauro Chies e Dr. Leôncio de Souza Queiroz Neto
Oftalmologistas - Instituto Penido Burnier - Campinas - SP

 

 
 

 
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